Filmes de vingança e de assassinos de aluguel existem aos montes no cinema. Embora, em sua maioria, já tenham caído na mesmice desse sub-gênero, a franquia John Wick é um respiro de sofisticação e bom gosto para os fãs de porradaria gratuita como eu.
Em “John Wick 3 – Parabellum” (Dir.:Chad Stahelski, 2019): após assassinar o chefe da máfia Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio) no Hotel Continental, John Wick (Keanu Reeves) passa a ser perseguido pelos membros da Alta Cúpula sob a recompensa de U$14 milhões. Agora, ele precisa unir forças com antigos parceiros que o ajudaram no passado enquanto luta por sua sobrevivência.
O longa tem a difícil missão de equilibrar as milhares de cenas de ação com um enredo envolvente e que apresenta agora novos personagens e inclui novos arcos narrativos, se esforçando copiosamente para tentar preencher com mais conteúdo a sua linha narrativa. Entretanto, ainda é a ‘ação pela ação’ que movimenta a obra, o que inevitavelmente enfraquece o enredo e perde o fôlego em alguns trechos.
John Wick pira nos pets, né não?
Entre os diversos aspectos que me prendem a ‘John Wick’, a estética neo-noir impressa no longa é o que mais me impressiona, com suas cores vivas e profundas, os contrastes de azul e rosa ou, em contraste de sombras duras em recortes brilhantes e chamativos, que deixam bem claras e estabelecidas a luz e a escuridão. Vale salientar também o clima, sempre chuvoso da grande metrópole, intercalando excêntricos cenários que evocam o perigo – e a sujeira – da marginalidade, tanto quanto um universo secreto escondidos atrás de paredes, como o caso de um hotel de luxo no centro da cidade.
As sequências de ação continuam inventivas e a composição das cenas, aliadas à montagem fluida, dão o suporte necessários para Keanu Reeves brilhar mais uma vez na pele do assassino vingativo. Com muito vigor, Reeves faz da porradaria uma obra de arte coreografada, ritmada e frenética, com uma performance cheia de vivacidade, perdendo força apenas quando precisa interagir verbalmente com alguém. Aqui o roteiro é raso, comprometendo os diálogos e deixando o protagonista robótico e pouco natural.
Sem dúvidas, “John Wick 3 – Parabellum”, expande ainda mais o universo que envolve a Alta Cúpula dos assassinos e a sua mitologia, porém ainda abre mão de uma trama levemente mais complexa em detrimento de cenas mirabolantes de ação. Que diga-se de passagem, são de extremo bom gosto.